6 de fevereiro de 2009

- Andas em baixo. Estás mais magra e mais pálida. As olheiras já se notam bastante. O que é que tens?
- Falta de vontade.
- Não digas isso.
- Não percebeste. Tenho falta de vontade de desistir. 
- Não acompanhei...
- Não quero desistir. Falta-me a vontade para tal. E, apesar do meu aspecto físico estar assim, numa lástima e a um passo que querer desistir, a minha falta de vontade não o permite.
- Estou a ver. Sabes que te percebo nisso.
- Hum hum... Deves ser das poucas pessoas.
- E... O que é que te tira a vontade de desistir?
- Vontade de vencer.
- Apenas isso?
- Talvez. Talvez não.
- E quando venceres? O que será de ti? Terás aí vontade de desistir?
- Não, porque nunca irei vencer...
- Oh Teresa!
- Calma, deixa-me explicar. Nunca irei vencer porque, mal eu consiga ultrapassar um obstáculo, automaticamente irei impôr outro obstáculo a mim mesma. Assim, nunca irei vencer, pois nunca chegarei à meta.
- Mas assim nunca chegas ao teu verdadeiro objectivo.
- Talvez o objectivo desta teoria seja mesmo esse.
- Não estou a perceber.
- O verdadeiro objectivo talvez não seja o de chegar à meta. Isso seria o fim. Não me interessa chegar ao fim. Prefiro ficar pelo meio. Depois do fim, não teria mais nada por que lutar. Ficando pelo meio, tenho sempre um objectivo a concretizar. E, voltando ao que disse, sempre que vir que a meta está próxima, criarei mais um objectivo, prolongando assim o meio do percurso.
- Interessante, sem dúvida. 
- Talvez.
- E vais vencer nesse teu propósito?
- Neste? Sem dúvida que sim. É a única vitória que imponho a mim mesma.

Gosto de escrever em itálico.

Desculpem-me a ausência...

1 comentário:

m. supertramp disse...

também sou viciado em vitórias e lutas, ando sempre em batalhas constantes. por entre muitas delas, percebi que quando temos o nosso par, devemos resumir-nos a ele, porque não há mais ninguém que nos complete. as relações são sempre feitas a dois, os comentários que vêm de fora raramente acrescentam alguma coisa de bom, portanto, é melhor que fiquem longe :)

gostei muito do diálogo Teresa. *