Para mim.
Para ti.
Não.
Escrevo antes para o nada.
Sim, o nada. Esse nada que.
Rodeia.
Envolve.
Ilude.
Consome.
Agonia.
Enlouquece.
Mata. Aos poucos. Aos poucos.
E aos poucos os sinos dobram. Contam as horas. Aos poucos.
O cigarro é consumido também.
Não pelo nada. Pelo fogo.
Fogo que mal se vê.
Não faz mal.
É compensado pelo fumo. E pelos desenhos por ele traçados.
E palavras até.
Palavras.
Aos poucos surgiram. Aos poucos se desvaneceram. Aos poucos.
E o nada. Sim, o nada.
O nada que é quase tudo. Quase, apenas.
Tu nada, que. Que surges e preenches. És, afinal, quase tudo.
Diz-me nada. Quem és? O que és?
Não me respondes. Novamente.
Enigma. O nada e tu. Sim, enigma.
Lá fora.
Dobram os sinos.
Cá dentro.
Dissipa-se o fumo.
Mas ainda não me morreste.
Quem?
Tu nada? Tu, para quem hoje eu não escrevo?
Não sei.
E vocês. Tu e nada.
Também não.
Aos poucos, saberemos.
Aos poucos.
Enquanto os sinos dobram.
E as horas são contadas.
Aos poucos.
Enquanto lemos o fumo.
E o cigarro se consome.
Aos poucos.
Escrito a 31 de Outubro de 2007
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