- Andas em baixo. Estás mais magra e mais pálida. As olheiras já se notam bastante. O que é que tens?
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Falta de vontade.- Não digas isso.
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Não percebeste. Tenho falta de vontade de desistir. - Não acompanhei...
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Não quero desistir. Falta-me a vontade para tal. E, apesar do meu aspecto físico estar assim, numa lástima e a um passo que querer desistir, a minha falta de vontade não o permite.- Estou a ver. Sabes que te percebo nisso.
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Hum hum... Deves ser das poucas pessoas.- E... O que é que te tira a vontade de desistir?
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Vontade de vencer.- Apenas isso?
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Talvez. Talvez não.- E quando venceres? O que será de ti? Terás aí vontade de desistir?
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Não, porque nunca irei vencer...- Oh Teresa!
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Calma, deixa-me explicar. Nunca irei vencer porque, mal eu consiga ultrapassar um obstáculo, automaticamente irei impôr outro obstáculo a mim mesma. Assim, nunca irei vencer, pois nunca chegarei à meta.- Mas assim nunca chegas ao teu verdadeiro objectivo.
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Talvez o objectivo desta teoria seja mesmo esse.- Não estou a perceber.
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O verdadeiro objectivo talvez não seja o de chegar à meta. Isso seria o fim. Não me interessa chegar ao fim. Prefiro ficar pelo meio. Depois do fim, não teria mais nada por que lutar. Ficando pelo meio, tenho sempre um objectivo a concretizar. E, voltando ao que disse, sempre que vir que a meta está próxima, criarei mais um objectivo, prolongando assim o meio do percurso.- Interessante, sem dúvida.
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Talvez.- E vais vencer nesse teu propósito?
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Neste? Sem dúvida que sim. É a única vitória que imponho a mim mesma.
Gosto de escrever em itálico.
Desculpem-me a ausência...